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[Parte III] Benedict Cumberbatch fala sobre Sherlock no Festival de Literatura de Cheltenham

Na terceira e última parte da entrevista, Benedict Cumberbatch fala sobre ser capaz de chorar em cena, trabalhar com Andrew Scott, como se prepara para seus personagens, qual o seu preferido, se imagina algum passado para Sherlock , se acredita haver sexismo na série e muito mais!
Para ler a primeira parte, clique aqui
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Sobre se houve algum momento em que ele sentiu que tinha "chegado lá". Louise menciona ter entrevistado Minnie Driver que disse "quando eu estava na Inglaterra, perda papeis para Tara Fitzgerald. Agora que estou em Hollywood, perco para Gwyneth Paltrow."

Ouvir sobre com quem você compete é esquisito. Conhecer as pessoas que você cultuou durante toda sua vida e que agora você compete é esquisito mas isso é deixar de ser um peixe grande para ser um peixe pequeno em um tanque maior. É o meu trabalho e o que foi muito empolgante este ano foi ter conseguido papeis depois de ir as audições. Steve McQueen nunca viu Sherlock, antes da segunda temporada Tomas Alfredson não tinha visto nada de Sherlock até eu gravar com ele, então isso é bom. Porque a maior parte da [minha] fama tem a ver com Sherlock.
Se ele se deslumbrou com as celebridades....
Com o elenco todo de August: Osage County! Meryl Streep, Juliette Lewis, Julia Roberts, Chris Cooper, Sam Shepherd e aí Geroge Clooney aparece e eu fico tipo "Sério? Então você tinha que aparecer? Muito obrigado. Eu ainda estava me acostumando a ler as falas com Meryl e Ewan McGregor e aí você chega!" Eles são as pessoas mais extraordinaramente queridas.

(Benedict confirma que voltará a filmar o resto do seu papel em outubro)
Se ele irá interpretar o vilão no próximo James Bond
Não sei nada sobre isso.
Sobre interpretar Smaug. É muito quente e sua muito naquela roupa de captura de movimentos?
Fica sim, fica sim, é uma cosa incrível de se fazer. Motion Capture é uma das coisas mais ridiculamente divertidas de se fazer como ator. Você fica completamente livre pra atuar do jeito que quiser, ainda mais que eu sou um réptil e não um mamífero e tem aquelas coisas que são meio impossíveis como a cauda e as asas. Foi muito divertido. Foi muito divertido fazer a voz também.

O que é muito frustrante é que alguns assessores que queriam me representar nos EUA escreveram releases sobre isso dizendo que eu estava colocando a voz em Smaug e isso foi copiado em todos os lugares. Eu faço os movimentos! Eu trabalhei durante dois dias bem duros fazendo a captura de movimento para aquelas cenas e também faço as vozes.  E eu fiz os movimentos para o Necromancer também.
Qual é o seu processo e como se prepara?
Isso depende mesmo do desafio, com Frankenstein e a Criatura, eu me tranquei em um quarto e me imaginei sendo incapaz de falar ou ouvir ou sentir ou degustar e me privei sem me importar com a dificuldade que seria para poder ficar saturado, e poder sentir algo acontecendo dentro de você - o coração bater, respirar - e só de poder entender isso e trabalhar gradualmente dentro de um quarto escuro, trabalhar com o conceito de não ter senso de memória da menor das coisas você se sente gratificado só em poder levantar e andar e isso em particular é uma coisa extraordinariamente incrível de poder fazer e muito diferente de, digamos, Chrstopher Tietjens (de Parade's End). Eu fiz Tietjens quando estava com o tempo apertado e não tive tempo para ler os livros, só tinha tempo de ler o roteiro e conversei com Susanna e Tom Stoppard e Rebecca e tive que confiar neles e no roteiro e aí eu logo fui ler os livros e me apaixonei completamente por esse personagem e acho que ele é meu favorito. Ele é a pessoa (que eu interpretei) que mais admiro na vida.
Louise  - Além de Sherlock...
Benedict –  Ele é a pessoa que eu mais admiro.
Louise discute o alcance da voz de Benedict mencionando a famosa citação de Caitlin Moran "um voz que prece um jaguar escondido dentro de um cello". Ele trabalhou em sua voz?
Eu interpretei Stone [na peça]Cidade dos Anjos. Eu fumei alguns cigarros e bebi uns uísques pra engrossar minha voz quando eu tinha 18 anos. Existem uns truques desse. Eu tive alguns professores fantásticos na escola dramática mas eu tenho um bom ouvido e faço imitações e eu aprendi a fazer isso bem novinho (diverte o público fazendo uma imitação de Alan Rickman). Quer saber o quão estranha é a fama? Saber que o pessoal na conversa com JK Rowling fez uma piada dizendo que ela era um aquecimento pra mim.

Sobre não estar no Twitter.
Vocês querem que eu tuíte? (o público grita "SIM!!!"). Por que vocês querem que eu tuite?
Porque olha o que eu penso, eu penso que vocês me querem tuitando só porque eu não tuito. Acho que se eu tuitasse, rapidinho vocês ficariam desapontados já que eu acho que não levo jeito pra isso. E não importa quem finja ser eu no momento, eu não tuito. Eu não tuito, não tuito , vocês podem procurar por mim mas não estou lá. Não tenho nada contra mas é que eu acho que pessoas como Mark [Gatiss], Louise, Steven [Moffat] são tão brilhantes fazendo isso e olha só o quanto eu falo! Tem que ser conciso pra tuitar e eu deveria aprender a ser mas acho que eu perderia muitas horas no tuiter só pra ficar editando, eu ficaria perdido!

Louise: Você pode contratar um assessor.

Benedict: Isso, isso não é tuitar!

Benedict então responde a perguntas da audiência na seção de Perguntas & Respostas:
P – Você é capaz de chorar lágrimas de verdade quando está atuando. Em que você pensa e como faz isso?
Eu penso no que devia estar pensando se eu fosse o personagem e é uma pancada repentina horrível durante a leitura do roteiro quando você ele "ele chora". Você precisa buscar fundo, precisa encontrar a emoção no personagem se não pode acabar em apuros, como aconteceu comigo. Na penúltima noite de "A última dança", durante a cena com Adrian e antes de eu ir para a sacada checar eu não conseguia parar de chorar porque ainda estava sentindo a onda emocional de terminar um trabalho e estava cansado e isso me dominou e eu não consegui fazer o resto da cena, deve ter parecido uma atuação horrível para qualquer um atrás das cinco primeiras fileiras e para quem não podia ver que eu estava jorrando em lágrimas. Acho que você deve usar, com sutileza, suas próprias memórias emocionais e ver em que situação o personagem está e usar sua própria experiência.
Louise – Ou falhar e usando aquele bastão [de lágrimas falsas].
Benedict – O cansaço ajuda muito [a não conseguir chorar], mas nunca usei um bastão de lágrimas. 
P – Que tipo de passado você tem na cabeça para Sherlock?
 Isso só eu sei e vocês nunca irão descobrir, porque é como se fosse uma caixa de entulhos a qual você recorre de vez em quando e eu prefiro manter  essas coisas pra mim. Eu estava falando com Steven Moffat sobre isso e ele disse "eu não acredito mesmo em criar passados". Eu criei um passado sim mas se isso combina com o que Steven e Mark trazem à tela eu não sei, veremos.
P – Como é trabalhar com Andrew Scott?
Ele é brilhante. É outra pessoa que quando foi escalado foi música para os meus ouvidos. Eu conhecia o seu trabalho no palco e sabia que eles tinham escolhido alguém brilhante para algo que exigia muito e ele foi absolutamente incrível. Eu sabia que era outro ator no seu que me deixaria animado. Não seria nada sem a animosidade entre Holmes e Moriarty, então é muito triste que ele tenha posto uma arma na boca e estourado os miolos! Mas ele é brilhante e eu o adoro, é um prazer trabalhar com ele e ele é muito compreensivo. Ele é um ser humano maravilhoso.
P – Se você pudesse fazer só mais uma peça na sua vida, qual você escolheria?
Alguém na audência grita "Hamlet"
É, é possível que fosse essa. Hamlet é um projeto bem vago de certa forma porque todo ator quer fazer e eu também e irei mas nós estamos trabalhando para descobrir como e quando e eu espero que não seja a minha última. Eu disse que devia fazer por volta dos 36 anos e eu estou com 36, então não deve acontecer neste ano mas definitivamente eu quero fazer.
P – Que conselho você daria a um aspirante a ator?
Tente assistir o máximo de coisas que puder. Vá a palestras onde as pessoas falam sobre suas obras e o que fazem. Tente praticar e preparar discursos, preparar algum trabalho, sempre leia e seja um bom ouvinte e lembre-se que você tem muitas experiências e fracassos e porcarias pra fazer e você irá chegar lá com um sorriso no rosto. E se divertir. É incrível quando alguém te escala. (Benedict também sugere se juntar ao National Youth Theatre)
P – Há algum personagem na literatura que você não interpretaria ou relutaria em fazer? (Como Fred West, que Dominic West interpretou)
Não, não mesmo. Se há um desafio pra mim como ator, eu quero fazer e não tenho medo de interpretar os desagradáveis ou obtusos ou esquisitos ou incomuns ou que não são heróicos ou maus. Então eu não tenho muito o que dizer sobre isso. Eu gosto do desafio.
P – Você acha que há algo de problemático com a maneira como as mulheres são escritas em Sherlock? Molly tem o amor não correspondido, Mrs Hudson é o arquétipo da mãe e Irene Adler é a única pessoa que supera Sherlock, acaba se apaixonando por ele e é derrotada.
 Louise – Por onde eu começo? Molly o ama. Isso não faz dela uma idiota, todos nós ficamos bobos por amor. Mrs Hudson é Una Stubbs e ela é intocável.
Benedict – Se há sexismo, então sim, Sherlock pode ser sexista mas ele também pode ser intolerante sobre qualquer assunto, ele pode ser intolerante em tudo, não tem muito a ver com qual é a sua identidade sexual mas com o seu comportamento e ele é intolerante com a gentileza, a bondade, ele é intolerante com a lealdade e não necessariamente enxerga isso. E sobre Irene Adler? Bem, você diz que ele foi derrotado por ela mas você sabe o que eles combinaram em Islamabad? Porque eu sei. Não houve derrota. Foi tudo com bastante amor.
P – Qual seria o papel ideal pra você?
É sempre o meu próximo trabalho. Eu não tenho um ao qual eu esteja ansioso pra fazer e não tenha feito, acho. É o que estiver na mão. 
P – Você fica com algum item de vestuário dos seus projetos?
Mark Gatiss me deu o sobretudo depois do piloto. Ele comprou pra mim e eu vestia antes mesmo de vocês verem o piloto ou a primeira temporada e eu acho que nunca mais poderei vestir de novo. Ele é uma das minhas coisas favoritas. E às vezes sou eu que levo algo meu pro set como o anel de filhote de cisne (ou anel de cygnet) - eu usei muito e usei em Christopher.
P  -  Como você interpreta personagens maus?
Não pensando neles como maus. Eu não procuro o que há de mau dentro deles, eu procuro por suas inseguranças, e isso é uma generalização enorme mas normalmente existe uma insegurança que eles precisam controlar que surge por estar fora do controle de alguma forma, então  você procura por mecanismo para entender  porque eles agem daquela forma. Se é impossível de achar então infelizmente será um roteiro que eu não vou ler. Tem que haver algo enraizado na realidade para humanizá-lo. Você precisa procurar pelas fraquezas pra achar as forças.


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