Sempre 1895

No primeiro episódio da segunda temporada, "Escândalo na Belgrávia", John comenta que zerou o seu contador de visitas no dia anterior e, no então momento, já estava marcando 1895 visitas:

Mais tarde, Sherlock nota que o contador continua marcando 1895. E desde então, o contador permanece parado em 1895. Mas o que isso significa?

Na verdade, é uma referência muito conhecida por Sherlockianos à frase de Vincent Starret "onde é sempre 1895", escrita em seu disseminado poema "221b" (1942) e também em seu famoso livro The Private Life of Sherlock Holmes (1932).

Nos comentários em áudio durante o episódio, Steven Moffat e Mark Gatiss conversam:

Mark: “1895 – isso nos fez dar uma boa risada! Alguns entenderam."
Steven: "Alguém entendeu isso? 1895 - para aqueles que não sabem - supostamente é o ano onde Sherlock Holmes estava no auge do seu jogo nas histórias originais, e tem um poeminha sobre sempre ser 1895 - então agora ele tem um blog que está sempre em 1895!"
Mark: "Esse foi o meu ano favorito."
Steven: "Você gostou? Solucionou muitos crimes naquele ano?"

Aqui, uma tradução nossa para o poema, seguida do original; e abaixo, o trecho de The Private Life of Sherlock Holmes:

221B

Aqui vivem juntos dois homens dignos de nota

Que como nunca viveram, não podem morrer:

Quão próximos eles parecem, e também tão distantes

Daquela época antes de o mundo entrar em colapso.

Mas a caça ainda está levantada para aqueles que podem ouvi-la

Pronta para ser pega pelo distante grito do caçador:

Inglaterra ainda é Inglaterra, por todos os nossos medos-

Somente coisas que o coração acredita ser verdade.

Uma neblina amarela serpenteia pelo vidro da janela

Enquanto a noite cai nesta lendária rua:

Um trole solitário respinga a água da chuva,

As fantasmagóricas luzes de gás enfraquecem a seis metros.

Aqui, ainda que o mundo exploda, estes dois sobrevivem,

E é sempre mil oitocentos e noventa e cinco.

Vincent Starrett

***

221B

Here dwell together still two men of note

Who never lived and so can never die:

How very near they seem, yet how remote

That age before the world went all awry.

But still the game’s afoot for those with ears

Attuned to catch the distant view-halloo:

England is England yet, for all our fears–

Only those things the heart believes are true.

A yellow fog swirls past the window-pane

As night descends upon this fabled street:

A lonely hansom splashes through the rain,

The ghostly gas lamps fail at twenty feet.

Here, though the world explode, these two survive,

And it is always eighteen ninety-five.

Vincent Starrett

Trecho final do livro de 1932:

Mas não pode haver nenhum túmulo para Sherlock Holmes e Doctor Watson...Eles não devem sempre viver em Baker Street? Não estão lá como escreveram?...Do lado de fora, os troles chacoalham na chuva, e Moriarty planeja sua última diabrura. Do lado de dentro, o carvão flameja na lareira e Holmes e Watson tomam uma merecida folga...Então eles ainda vivem por tudo que amam: em um romântico aposento no coração, no país nostálgico da mente, onde é sempre 1895.

Na vida real

Segundo o Guardian, em 1895 Conan Doyle acreditava que a tuberculose de sua primeira mulher significava diversas internações em clínicas de saúde. Mas quando soube do ar seco e das condições protegidas de Hindhead, ele construiu sua notável propriedade lá, chamada de Undershaw. Os anos em Undershaw estão entre os seus mais produtivos. Sherlock Holmes, que ele matou em 1893, foi trazido de volta (no livro O Cão dos Baskervilles; 1902) e muitas outras histórias e romances foram escritos lá.